terça-feira, 20 de outubro de 2015

A internet, o BBB, a falta de senso crítico e um mal-humorado

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Esse foi o 1° Post do site, agora atualizado (mas quase não  precisou de mudança porque quase tudo continua igual).

O poder da crítica em assuntos culturais continua sendo objeto de discussão e de brigas, desde artigos filosóficos sobre estética até críticos de televisão de sábado de tarde falando sobre o último reality show que estreou (no próprio canal em que está sendo criticado, que tipo de isenção podemos esperar?).

De Dostoiévski ao Culto ao Amador, a internet sem freio 


Todo objeto é alvo de critica, desde a mais complexa obra literária (Dostoiévski) até
a mais esdrúxula propaganda comercial. 

Frente a crítica, tudo pode ser defendido, do mais elementar argumento, “isso não é para ser levado a sério” até a mais complexa explanação pseudo-psicológica “você tem que analisar com uma visão mais profunda”.

Toda obra, trabalho ou qualquer ação humana, não escaparemos das críticas, e também das pessoas que defendem tal "coisa" da critica.


O que eu acho bem interessante é como pode existir tanta coisa ruim, agora falando propriamente deste nosso meio que é a internet.


Quando se formatava a ideia do que iria vir pela frente, principalmente com a internet 2.0, inclusive vale a pena ler e refletir sobre o livro: O Culto ao Amador de Andrew Keen, muitos ficaram preocupados e outros tantos animados(incluindo eu) pois se falava que o “culto” (que seria propriamente os fãs, mas também incluímos todo mercado financeiro envolvido e também a visão de verdades sobre o mundo a nossa volta, e como é recebida pelo resto) seria desprendido do meio profissional (atores, diretores, músicos, jornalistas...) para passar por um processo de amadorismo.


Eu que nunca fui de ter boa vontade com a grande mídia achei isso o máximo: "Puta que pariu finalmente vamos ter produtos independentes e genuínos, sem passar pelo crivo mercadológico, finalmente vamos ver, ler e ouvir o queremos e não o que essa grande maquina midiática nos faz engolir a força entre uma propaganda e outra", pensava, o ingênuo eu do passado.






Vislumbramos o fim da televisão (que sim, está chegando), o fim de Faustões e Gugus, o fim de falsos Jornais, o fim dos ainda novos, naquela época, mas já execráveis reality shows, sim! 


A internet seria a revolução intelectual da humanidade. Nada poderia estar mais longe da realidade.



A internet seria o conhecimento ao alcance de todos (se estima que no final de 2021 cerca de 62% da população mundial estará conectada à internet, de acordo com a International Telecommunication Union (ITU), agência das Nações Unidas para tecnologias da informação e da comunicação).

Cultura de qualidade, e produções com real valor estético (no sentido filosófico da palavra) seriam populares e acessíveis  entre todas as pessoas.

Ledo engano: o que vimos hoje pela internet é um provável (e já inevitável?) alinhamento com tudo o que havia de ruim, sentido cultural e perverso, no sentido econômico, da grande mídia. 



Estamos vendo se proliferarem pela internet, novos Faustões e novos Gugus, falsos jornalistas (em 2015 as Fake News ainda não tinham tomado a proporção que tem hoje,o que torna ainda mais bizzaro o presente) não porque são amadores, mas porque só nos trazem notícias falsas, como muitos jornalistas profissionais por aí.

Horríveis Reality shows em que só existe um participante, que ficam falando e falando sobre sua própria vida, como se isso fosse relevante de algum modo para o resto de nós.

E o pior, existe o tipo que nada produz de fato (e não estou falando de produtos de alta qualidade, eles simplesmente não produzem) e são seguidos por milhões de pessoas como se fossem estrelas, e de fato são.





Pasmo, eu vejo as visualizações desses personagens caricatos no Youtube, e comparo com as visualizações de pessoas que de fato produzem conteúdo de valor, por exemplo o pessoal do podcast Scicast e de todos do portal Deviante 
nem chegarem perto do numero atingido por esses BBBs renegados pela rede plim-plim.

O Mau humor é a origem do site Oldie Nerd e a culpa é dos youtubers 


As vezes me chamam: mal-humorado. Sim eu sou, mas não por ficar fechado para sempre sobre coisas novas, sou porque não consigo ver tanta merda ser tratada como ouro, por ver a capacidade da humanidade desperdiçar a grande chance de revolução digital, que poderia (de fato) mudar o mundo, mas aí me dou conta: quem controla essa maquina genial, esse aparelho fantástico é a humanidade, e como diria Bukowski: 
“As pessoas tem um apetite insaciável por merda.”



Sim!!! Esse post pode ser uma baita merda, e talvez você goste, talvez não.
Mas mesmo assim, mesmo se ele for o mais merda de todos os posts, mesmo assim não transforma o resto de merda em ouro.


"Estou me tornando um FDP mau-humorado e qualquer um pode ser um FDP mau-humorado."
-Charles Bukowski-


10 comentários:

  1. fala Oldie... Que lingua afiada.
    Mas é por ai mesmo.
    Não que não tenha produções de qualidade ou informação relevante, é que a grande massa continua a se apegar na cultura da " tv aberta", idolatrando quem passa por ali só pra ganhar mais uma curtida e não se preocupa com o que esta a fornecer para o publico, e este mesmo publico continua a ingerir e devorar conteudo de baixa qualidade.
    Mas não se entregar pros homem de jeito nenhum. CONTINUAMOS A TENTAR PRODUZIR ALGO MELHOR.
    Continue a ser este fdp mal-humorado.

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    1. Valeu Xaba, acho que o que falta pra galera hoje em dia,e sempre , é visão critica. o pessoal aceita tudo de boa se tem uma galera falando que aquilo é bom, ele aceita sem usar nenhum tipo de critério.
      é o verdadeiro: ir atrás da manada.

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  2. Tenho uma visão contrária do que foi abordado no texto.
    A internet 2.0 traz para todas as pessoas conteúdo relevante e de qualidade, se ela se propor a buscar tal conteúdo.
    Desde de sempre existiram mentes brilhantes que buscavam conteúdo em livros e se satisfaziam, assim como existiam aquelas pessoas que passavam na frente da biblioteca de Alexandria e não se interessavam. O ponto é que a internet veio trazer para um publico maior essa "biblioteca", e por consequência mais pessoas simplesmente a ignoram. Assim como antigamente (e atualmente) muitas pessoas abusam dos 'pobres intelectuais' (sim, principalmente as grandes empresas religiosas) hoje não nos distanciamos disso. BBB e Faustão estão sendo deixados para trás e sendo substituidos por milhares de outros iguais a eles só que em um diferente local, só que agora eles são vistos pelo mundo inteiro, não apenas por um canal em um horário específico.
    Essas pessoas que não desejam cultura nunca irão procurar pelo mesmo. Nem que você filtre a internet, eles voltarão para as TV's.
    O ponto é que existe publico para todo tipo de conteúdo, sempre existiu e sempre existirá. Agora só há mais exposição, o que parece que o escritor dessa dignissima matéria não percebe. Quanto mais rico o conteúdo e mais "alto" no sentido de entendimento for, menos alcance terá, e será assim para sempre. Ou você acha que se o mundo inteiro fosse feito por pessoas que adorassem livros estariamos aqui ainda? Ou estariamos colonizando planetas?
    Eu por exemplo, só tenho conteúdo relevante nos meus meios. Isso por que me prestei a filtrar o que vejo. Posso estar entrando em uma bolha? Quem sabe, mas isso é matéria para um outro post seu Oldie! HAHA

    Fora isso, ótima matéria, continue assim, fazendo as pessoas pensarem que logo terá muitos seguidores :D

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    1. Valeu Lucan, mas você apenas reforçou o que eu queria abordar no post: As pessoas tem um apetite por coisas de pouca importância ou relevância. A diferença da web para a TV, é que agora poderíamos escolher não ter Faustões.

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  3. Intersante debate. Perdao pelo meu portugues ante tudo. Em definitiva parece ser uma questao de formatos so. a populacao se importa com as mesmas coisas e nao se importan con as mesmas coisas (cultura) se anos atras. Como jornalista de un jornal importante na argentina é uma questao que sempre pensamos ¿qual é a importancia da critica hoje?
    abraco!!!
    Rodrigo

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    1. Obrigado pelo comentário Rodrigo. Esse assunto é mesmo bem complexo. Quem sabe a gente faz um episódio do podcast sobre esse tema "Qual a importância da crítica atualmente?" Vamos combinar uma participação sua seria legal ter um jornalista de convidado.
      Entre em contato com a gente se tiver interresse. Abraço.

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